Dolores
Flávia Bittencourt
Entre mil odores
Rasgando o capim
Que nasceu Dolores
Cheirando alecrim
Os seus professores
Eram anjos nus
Garimpando dores
Debaixo da cruz
Seu pai caiu por terra
Crivado de flores
Sua mãe bebeu as trevas
E morreu de amores
Nos olhos de Dolores
Era tanta chuva
Que seu pranto fez-se um rio
Onde a vida era viúva
E hoje no garimpo
Fez-se o seu andor
Debaixo do zinco
Troca o seu amor
Por um par de brincos,
Dentes e pepitas
E fechada em trincos
Sua alma grita
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