História de Um Outro Alguém
Marco Reis
Já mirei vastos destinos
Já tracei longos caminhos
Tropecei à luz da lua
Desaguei em plena rua
Arrastei-me até a porta
Pareceu-me torpe e torta
Adentrei por uma fresta
Lambuzei-me nessa festa
Mergulhei no poço fundo
Emergi podre e imundo
Afundei no cativeiro a esmo
Sequestrado por mim mesmo
Atolado até os ossos
Remoendo os meus destroços
Com uma sanha irrefreável
De um prazer insaciável
Não há quem possa resgatar-me
Se não for minha a decisão
Deste meu mal só vou salvar-me
Se ajustar a direção
Deste meu mal só vou salvar-me
Se ajustar a direção
Não há quem possa resgatar-me
Se não for minha a decisão
Percebi tal minha história
Quantos outros têm na memória
Vê se pode tanta tortura
Por escolha tão insegura
Tanto tombo, só desatino
Tão severo este destino
Sem perdão, sem indulgência
Leva todos à indigência
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